Na verdade, a tecnologia em si não é boa nem má. O uso que se faz dela, no entanto, pode trazer benefícios ou prejuízos para a humanidade. Diversos autores com a concepção da técnica como um recurso do qual os homens se utilizam para um aproveitamento mais benéfico, eficaz e eficiente da natureza para sua sobrevivência e subsistência. Sob essa óptica, a tecnologia é vista como uma extensão do processo de adaptação do ser humano à natureza: a relação do homem com a natureza é medida pela técnica, relação essa geralmente revestida de um aspecto harmonioso, graças à intervenção positiva da técnica.
No entanto, a tecnologia tem sido alvo de críticas, por ser considerada dominação inconsequente da natureza, a serviço de interesses comerciais, industriais, militares, entre outros, muitas vezes inescrupulosos, cujos resultados podem ser prejudiciais ao homem.
“A tecnologia é o Leviatã da modernidade. Leviatã que comanda. Quem dirige e encomenda a pesquisa científica é hoje a tecnologia. Por isso, as universidades perderam em grande parte o senso da ciência. Perdeu-o também o próprio cientista, que está encarregado de pesquisar dentro de amplos programas cuja finalidade ele desconhece. Quer dizer, pesquisa sem ver a finalidade da pesquisa. Há pesquisas encomendadas por centros de tecnologias e feitas sem que os cientistas jamais saibam de sua finalidade.” (BUZZI, 1987)
Severino (1992) destaca a importância do desenvolvimento da ciência e da técnica para o progresso da humanidade, adverte para os perigos da “instrumentalização da razão”:
“E a ciência, que pretendia libertar os homens dos determinismos da natureza, das doenças, da miséria, acabou se transformando numa nova forma de opressão para os mesmos! A razão que construía a ciência, de razão libertadora, como queriam os pensadores modernos, acabou se transformando em razão instrumental que, por meio do controle lógico tecnológico, implantou uma tecnocracia: toda a vida humana é conduzida e determinada pelos padrões impostos pela ciência. E o que é pior, o poder da ciência e da técnica passa a ser controlado e usado por grupos humanos na defesa de seus interesses particulares. Ele se transformou num instrumento forte e adequado para a dominação e a exploração políticas! A vida das pessoas não é mais referida a critérios éticos e políticos, mas a critérios puramente técnicos! [...] Como se tudo se submetesse às regras da produção industrial.”
Para alguns pensadores, a tecnologia é um “mal implacável” e trouxe e trará consigo a alienação e a eliminação do trabalho humano; a escravização do homem pelas máquinas; a perda da liberdade individual e a invasão de privacidade em uma sociedade controlada e dirigida por dispositivos eletrônicos; o esgotamento dos recursos naturais; a deterioração do meio ambiente e a constante ameaça de destruição universal por meio de armas nucleares e drogas capazes de não apenas mutilar os seres humanos, mas também provocar genocídio em massa.
A saída está no meio termo, isto é, no encontro de soluções que permitam prever e minimizar as dificuldades, os problemas e os riscos próprios de tudo aquilo que é novo, em especial do que se denomina inovação tecnologia. Talvez não seja possível voltar a beber das águas de um como o Tietê, em virtude da poluição; no entanto, seria bastante razoável se os peixes pudessem voltar a viver em suas águas. Talvez não seja possível recuperar o que se perdeu da camada de ozônio, mas é importante encontrar saídas para a eliminação dos gases poluentes.
Nobert Wiener (1970), o “pai da cibernética”, embora ciente das dificuldades e embaraços que possam advir da tecnologia, deposita confiança e esperança na lucidez humana capaz de encaminhar o desenvolvimento tecnológico de modo a beneficiar a humanidade de forma positiva e satisfatória.
São inegáveis, sem dúvidas, os benefícios das inovações tecnológicas: economia de tempo e esforço na realização de inúmeras atividades; maior produtividade com mais qualidade; maior conforto e bem estar, seja no lar ou no ambiente de trabalho; indivíduos mais esclarecidos e universalmente instruídos pela abundância de informações e acúmulo de conhecimentos à disposição de todos na moderna sociedade informatizada.
Por outro lado, o mundo e a humanidade podem ser destruídos em poucos segundos; o aumento desconfortável do desemprego estrutural lança milhares de seres humanos a uma situação de ócio forçado e não planejado; a possibilidade de armazenamento de armazenamento de informações nos computadores torna o indivíduo mais vulnerável e ameaça sua liberdade pessoal e sua privacidade, a manipulação de toda uma sociedade por regimes totalitários, bem como a massificação e uniformização de padrões de conduta, capazes de romper os limites geográficos de cada nação, transformando o mundo numa “imensa aldeia global”, são riscos que ameaçam cotidianamente a existência do homem.
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