1º ANO – 3º BIMESTRE - EIXO: A moral
COMPETÊNCIAS:
- Compreender e contextualizar conhecimentos filosóficos, no plano sociopolítico, histórico, metafísico e cultural.
- Aplicar conhecimentos filosóficos no plano existencial, nos projetos de vida e nas relações sociais.
- Agir em conformidade e criticidade em relação à moral social vigente
- Ler textos filosóficos de modo significativo;
- Ampliar gradativamente o alcance da leitura filosófica;
- Elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo;
- compreender as articulações, políticas, culturais, econômicas e artísticas, religiosas, que compõem o tecido social da modernidade à contemporaneidade;
- Desenvolver na educando a pluralidade de visões de mundo, aplicáveis na cotidianidade e fundamentada em critérios epistemológicos;
- Compreender que a realidade social não é o que é por um determinismo natural, mas por uma articulação de ordem humana.
- O homem, um ser consciente.
- Moral e ética.
- O individual e o social na moral.
- O relativismo moral.
SUGESTÕES
1- LIVROS
ARBEX, J. O poder da TV: como e por que a TV é xenófoba. São Paulo: Scipione, 1995.
_______,TOGNOLI,C.J. Mundo pós moderno. São Paulo: Scipione, 1997.
BROWN,Nearvin.Ética nos negócios. São Paulo: Makron Books,1993.
CHAUÌ,Marilena.Repressão sexual:essa nossa (dês)conhecida.São Paulo:Brasiliense,1991.
LADUSÂNS,Stanilavs. Questões atuais de bioética.São Paulo: Loyola, 1990.
MARTINEZ,P. Direitos de cidadania. São Paulo:Scipione, 1997.
NASH, Laura L. Ética nas empresas. São Paulo:Makron Books,1993.
NOVAES,Adauto. Ética. São Paulo: Companhia das Letras/Secretaria Municipal da Cultura,1992.
Da coleção PRIMEIROS PASSOS, da Editora Brasiliense (São Paulo):
• O que é moral – Otaviano Pereira, 1991.
• O que é ética – Álvaro Valls, 1986.
• O que é imoralidade – Raul Francisco Magalhães, 1991.
• O que é religião – Rubens Alves, 1992.
• O que é morte – José Luiz de Souza Maranhão, 1992.
SÁNCHEZ VÀSQUEZ, Adolf. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasilleira, 1970.
SÈRIES ETICAS, da Editora L&PM.Textos de filósofos, sociólogos, antropólogos, psicanalistas e escritores sobre questões éticas: A fidelidade, Cécile Wojsbrot, 1992. A polidez, Régine Dhoquois, 1993. A tolerância, Claude Sahel, 1993. A honra, Marie Gautheran, 1992.
CHAUÍ, Marilena. Repressão sexual - essa nossa (des)conhecida. São Paulo, Brasiliense, 1991.
O que é imoralidade - Raul Francisco Magalhães, 1991 (249); O que é ética – Álvaro Valls, 1986 (177).
Vásquez AS. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000:61-82. (Capítulo III A essência da moral).
2- FILMES
Vídeo: TV Escola – Série “Filosofia: um guia para a Felicidade.”
Pixote, a lei do mais fraco – Hector Babenco
3- SITE
http://educacao.uol.com.br/filosofia
4- TEXTOS
O HOMEM, UM SER CONSCIENTE
O termo consciência é de uso freqüente na linguagem diária. Vejamos o que ele significa nas situações seguintes:
Paulo perdeu a consciência.
Paulo agiu de acordo com a consciência.
O que significa ‘’ Perder a consciência ‘’?
Perder a consciência é perder o sentimento da existência de nós mesmos e do mundo. Quando estamos despertos, esse sentimento acompanha todos os nossos atos. Trata-se da consciência psicológica, que é o conhecimento de nós mesmos: Temos consciência de existir, temos consciência de nossos estados psíquicos, de nossas lembranças e sentimentos. Temos também consciência de que há livros sobre a mesa, de que o dia está chuvoso ou ensolarado. Portanto, a consciência psicológica se estende a experiência do meio que vivemos. A consciência psicológica revela, pois, quem somos, o que fazemos e que mundo nos rodeia.
Na segunda situação (‘’ Agir de acordo com a sua consciência ‘’), trata-se da consciência moral, aquela voz interior que nos orienta, de maneira pessoal, sobre o que devemos fazer em determinada situação. Antes da ação, a consciência moral emite seu juízo como uma voz que aconselha ou proíbe. Após a realização da ação, a consciência moral se manifesta como um sentimento de satisfação (força recompensadora) ou arrependimento, remorso (força condenatória).
A consciência psicológica e a consciência moral estão relacionadas. Na realidade, se o problema moral se estabelece para o homem é porque, inicialmente, ele tem consciência psicológica. Se todos os seus atos fossem desencadeados pela pressão dos instintos os dos hábitos, se o homem não tivesse consciência do que faz, não existiria o problema moral. A consciência moral, portanto, pressupõe a consciência psicológica.
O animal não possui consciência psicológica, porque, para cada situação que se apresenta, encontra uma resposta pronta nos seus reflexos instintivos ou nos automatismos de adestramento. Sentindo fome, busca necessariamente alimento. Situação diferente ocorre com o homem. Se ele sente fome, pode não comer por outra motivação: jejum de protesto, regime, etc. Portanto, ser consciente significa não apenas ter o conhecimento de nós mesmos e compreender o que está ocorrendo ao nosso redor, mas também perceber que podemos agir de diversas maneiras, planejando o que irá acontecer.
Veja o seguinte exemplo: um atropelamento. De imediato, o motorista toma consciência da situação. Em seguida, pelo menos dois comportamentos são possíveis: socorrer a vítima ou fugir. Considerando as normas e valores recebidos da família, da escola, do meio social e econômico em que vive, o motorista toma a decisão que considera adequada, tornando-se responsável, moral e socialmente, pela atitude escolhida. Mas, na hipótese de um choque tão violente que faça o motorista desmaiar (perder a consciência), é certo que nenhum comportamento se seguirá de sua parte.
Para decidir, escolher, enfim para exercer sua liberdade, o homem precisa estar consciente. Não há, pois, liberdade sem consciência. Enquanto a consciência psicológica possibilita ao homem escolher, a consciência moral, com seus valores, normas e prescrições, orienta a escolha.
A partir do exemplo dado, destacamos três componentes fundamentais da vida moral:
Consciência - Liberdade – Responsabilidade
Considerando o que foi exposto, como fica a responsabilidade moral de um neurótico que mata num momento de crise aguda e de um cleptomaníaco que rouba por um impulso irresistível? Tais pessoas agem sob uma coação interna (tendências patológicas, doentias) a que não podem resistir. Tal coação anula a liberdade (possibilidade de escolha) da pessoa e a exime da respectiva responsabilidade moral.
Uma coação externa também pode anular a vontade da pessoa, eximindo-se de sua responsabilidade. Se alguém, de revólver na mão, força Paulo a escrever uma carta em que difama outra pessoa, pode ele ser considerado responsável pelo que escreveu? Em alguns casos, a coação é tão forte, acarretando riscos para a própria vida, que não resta margem para decidir e agir de acordo com a vontade própria, pois a resistência física e espiritual tem um limite, além do qual o sujeito perde o domínio sobre si mesmo.
MORAL E ÉTICA
Você já percebeu que os valores morais estão presentes em diversas esferas de nossa vida: o pai exige que o filho, respeitando seus valores, chegue em casa no horário estabelecido; a esposa reclama fidelidade do marido e vice-versa; em política, sabe-se que sem padrões de justiça não é possível administrar a sociedade; o desenvolvimento da ciência e da tecnologia demanda parâmetros éticos; a Constituição de um país contém valores morais que os cidadãos devem conhecer e transformar em realidade.
A importância do mundo moral evidencia-se pelo fato de que não existe vida social sem a presença de regras ou normas de conduta.
A moral é um conjunto de normas, prescrições e valores que regulamentam, o comportamento dos indivíduos na sociedade
Na conceituação de moral, falamos de normas e de comportamentos. Na moral, portanto, encontramos dois planos:
- O normativo, constituído pelas normas ou regras de ação que anunciam como as pessoas devem se comportar; exemplo:
não roubar;
- O fatual, constituído pelas ações efetivamente realizadas; exemplos: um roubo.
A ação realizada será moral ou imoral, conforme esteja de acordo ou não com a norma estabelecida. Assim, respeitar a propriedade alheia será considerada uma ação moral, uma vez que está de acordo com a norma não roubar.
No Brasil, os truques e sutilezas com o objetivo de levar vantagem sobre o outro, transgredindo as normas, entram na rotina de muita gente. O guarda dá um jeitinho de cancelar a multa, o fiscal dá outro jeitinho de não embargar a obra, e o tráfico de influências se alastra.
Na verdade, o “jeitinho” não deixa de ser uma prática de ações imorais. O desrespeito e até o desprezo à lei dá lugar ao oportunismo, à prepotência e ao imperativo do mais forte. O resultado disso é a desmoralização da idéia de justiça, um clima de desconfiança generalizada e um incentivo a comportamentos desonestos.
Explicado o conceito de moral, vamos ver o que significa ética. Ética, ou filosofia moral, é uma reflexão sistemática sobre o comportamento moral. Ela investiga, analisa e explica a moral de uma determinada sociedade. Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção entre o comportamento moral e outras formas de agir, da liberdade e da responsabilidade e, ainda, de questões como a prática do aborto, da eutanásia e da pena de morte. A ética não diz o que deve e o que não deve ser feito em cada caso concreto. Isso é da competência da moral. A partir dos fatos morais, a ética tira conclusões, elaborando princípios sobre o comportamento moral.
A Ética é o estudo geral do que é bom ou mau, correto ou incorreto, justo ou injusto, adequado ou inadequado. Um dos objetivos da Ética é a busca de justificativas para as regras propostas pela Moral e pelo Direito. Esta reflexão sobre a ação humana é que caracteriza a Ética.
Recentemente, surgiu a bioética, que trata das questões éticas suscitadas pelas experiências das ciências biomédicas e da engenharia genética, tais como o transplante de órgãos, a fecundação artificial e a manipulação dos genes.
Quando usado na expressão “ética profissional”, o termo ética significa o conjunto de princípios a serem observados pelos indivíduos no exercício de sua profissão. É assim que se fala, por exemplo, da ética dos jornalistas, dos advogados, dos médicos, dos almoxarifado que verifica se não há umidade no local destinado para colocar caixas de alimentos; o médico cirurgião que confere as suturas nos tecidos internos antes de completar a cirurgia; a atendente do asilo que se preocupa com a limpeza de uma senhora idosa após ir ao banheiro; o contador que impede uma fraude ou desfalque, ou que não maquia o balanço de uma empresa; o engenheiro que utiliza o material mais indicado para a construção de uma ponte, todos estão agindo de forma eticamente correta em suas profissões.
Ao fazerem o que não é visto, ao fazerem aquilo que ninguém saberá quem fez, demonstra que estão preocupados, mais do que com os deveres profissionais, com as pessoas.
O INDIVIDUAL E O SOCIAL NA MORAL
A moral é tanto um conjunto de normas que determinam como deve ser o comportamento, quanto ações realizadas de acordo ou não com tais normas.
Desde a infância, a pessoa se encontra sujeita à influência do meio social por intermédio da família, da escola, dos amigos, dos meios de comunicação de massa. Assim, ela vai adquirindo, aos poucos, idéias morais. Portanto, ao nascer, o indivíduo se depara com um conjunto de normas já estabelecido e aceito pelo meio social. Esse é o aspecto social da moral. Ao nascer, o homem já se defronta com um conjunto de normas e valores aceitos em determinado meio social.
Mas a moral não se reduz ao aspecto social. À medida que o indivíduo desenvolve a reflexão crítica, os valores herdados passam a ser colocados em questão. Ele reflete sobre as normas e decide aceita-las ou negá-las. A decisão de acatar uma norma é fruto de uma reflexão pessoal consciente, que se chama interiorização Essa interiorização da norma é que qualifica o ato como moral. Faltando a interiorização, o ato não é considerado moral, é apenas um comportamento determinado pelos instintos, pelos hábitos ou pelos costumes.
Vejamos um exemplo de interiorização de normas:
Segundo o Código de trânsito, não devo buzinar diante de um hospital. Se respeito essa norma por convicção íntima, consciente
de que os doentes precisam de silêncio, é sinal de que interiorizei a norma, e o meu ato é qualificado como moral. Por outro lado, se respeito essa norma só para não ser multado, significa que ela não foi interiorizada e, assim, o meu ato escapa do campo da moral, reduzindo-se ao cumprimento de uma lei.
NORMAS MORAIS E NORMAS JURÍDICAS
Entre as normas criadas para orientar o comportamento do homem, visando uma maior coesão social, é preciso distinguir as normas ou princípios morais das normas jurídicas, estabelecidas pelo Direito:
-A coação moral é interna e advém da consciência. No Direito, a coação é externa e procede do Estado.
-A moral é anterior ao Direito, já que as sociedades, mesmo antes da formação do Estado, sempre sentiram necessidade de normas. O Direito caracteriza-se pela exterioridade, ou seja, não é preciso que se concorde interiormente com as normas, basta apenas que sejam cumpridas. Por exemplo, jovens são convocados para o serviço militar mesmo que disso discordem.
As normas morais, porém, são cumpridas por convicção íntima dos indivíduos. É nesse sentido que se fala em interioridade da vida moral.
Tanto as normas morais com as jurídicas podem sofrer desvios. Quando as normas instituídas pelo Estado, por exemplo, não correspondem aos interesses da sociedade, os indivíduos sentem-se oprimidos pelas leis. Por outro lado, quando os indivíduos negam as normas morais estabelecidas e criam a sua moral particular, caem no individualismo. Os individualistas não levam em consideração o bem comum da sociedade. Esquecem que o homem não é um ser solitário, mas que convive com os outros, e que tem não só direitos, mas também deveres.
O RELATIVISMO MORAL
A função da moral é garantir o funcionamento, a estabilidade da vida em sociedade e a possibilidade de melhorá-la. Ora, como as necessidades sociais variam no tempo e no espaço, as normas morais também sofrem mudança. Os antigos gregos, por exemplo, sacrificavam as crianças deficientes. Para eles, tal procedimento não era imoral, uma vez que os deficientes não correspondiam ao ideal de homem grego.
As normas morais variam também entre sociedades de uma mesma época e até de um mesmo país. É o caso de alguns estados norte-americanos onde ao contrário de outros, se admite a pena de morte. Enquanto em alguns países a mulher faz reivindicações de todo tipo, em outros as normas não permitem, ainda hoje, que ela mostre seu rosto em público. Explica-se o relativismo das normas em função das diferentes e especificas situações em que são praticadas. Em outras palavras, a moral se encarna no contexto histórico-social de cada povo, tomando uma forma específica.
O relativismo moral pode acarretar um descrédito de própria moral. Exemplifiquemos com a justiça. Como as normas de justiça. Como as normas de justiça variam de um lugar outro, alguns concluem que não existe justiça. Na realidade, o que varia são as formas de aplicação da justiça. A justiça em si, como um valor moral, é uma constante entre todos os povos. Além da justiça, outros valores morais são universalmente aceitos e praticados: a solidariedade, a fidelidade, a honestidade.
TEXTO BASE SOBRE O CONSUMISMO
“O consumidor tem necessidades que não são propriamente suas e os produtos que adquire não são realmente queridos por ele. Sob a influência de uma publicidade insistente e organizada, e, seduzido pelas refinadas e veladas técnicas de persuasão, o consumidor se defronta com um produto que lhe agrada e fascina e acaba por comprar aquilo que se impõe à sua vontade, independentemente de precisar ou não. Deste modo, as necessidades do homem concreto são manipuladas para que consuma não o que satisfaz as suas reais necessidades, mas as dos outros. Como na produção, também no consumo o homem real já não pertence a si mesmo, mas àqueles que o manipulam ou persuadem de um modo sutil.
Esta manipulação, que atinge a maior parte da população, ao controlar a sua aquisição dos produtos mais variados - desde os gêneros alimentícios até as obras de arte -, traduz-se nos indivíduos numa perda da sua capacidade de decisão pessoal e no aproveitamento da sua falta de decisão, ignorância ou fraqueza para fins alheios ou estranhos, que lhe são apresentados como se fossem seus. Assim o consumidor é considerado como uma fortaleza – mais ou menos firme – cuja resistência deve ser vencida sob a investida da publicidade e das técnicas de persuasão oculta. Exerce-se assim uma coação externa, que se interioriza como uma necessidade pessoal. Nessa sutil submissão, não declarada, do consumidor aos manipuladores de consciências, minam-se as condições indispensáveis para que o sujeito escolha e decida livre e conscientemente.
Desse modo, esta manipulação do consumidor é profundamente imoral, e por duas razões fundamentais: 1) Porque o homem, como consumidor, é rebaixado à condição de coisa ou objeto que se pode manipular, passando por cima de sua consciência e de sua vontade. 2) Porque, impedindo que escolha e decida livre e conscientemente, minam-se as próprias bases do ato moral e, deste modo, restringe-se o próprio domínio moral.” (SÁNCHEZ VÁSQUEZ, Adolfo. Op. Cit., 193-4)
A ÉTICA PÕE FIM AO VALE-TUDO
Algo novo está mudando no competitivo mundo dos negócios, transformando a filosofia de trabalho de empresas, anunciantes e universidades: a questão da ética. Os valores morais começam a pôr um ponto final nos critérios antiéticos que até pouco tempo determinam as regras de vale-tudo para levar vantagem. O Jornal Folha S. Paulo noticiou que anunciantes americanos que sempre escolheram programas de televisão levando em conta apenas a audiência e o preço agora põem, na balança também os valores morais transmitidos pela programação. A ética foi introduzida nos cursos da Universidade de Harvard que a vida toda foi o templo do "business pelo business".
Consumidores, fornecedores, trabalhadores, executivos e eleitores estão utilizando valores éticos e morais para escolher seus produtos, clientes, patrões, empresas e candidatos, não se deixando iludir por valores éticos de fechada.
Empresários, executivos e administradores reconhecem que as empresas devem considerar critérios morais para serem bem-sucedidas.
Portanto, nos dias atuais, o grande desafio é a conciliação de valores morais e condutas éticas com eficiência, competência e rentabilidade.
Resumo e adaptação do texto de Ricardo Guimarães (publicitário). Exame, São Paulo, 6 set. 1989. p. 126
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